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Hospital Metropolitano faz primeira captação de múltiplos órgãos e realiza transplante de coração

O beneficiado com o transplante do novo coração foi José Jonoilton Clementino, de 53 anos, que sofria com uma insuficiência cardíaca

Pela primeira vez na história do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires foram realizadas, em sequência, uma captação de múltiplos órgãos e um transplante cardíaco. O fato inédito ocorreu na noite desse domingo (14) e ambos pacientes eram acompanhados na unidade integrante da rede de saúde do Governo da Paraíba  e gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde). O beneficiado com o novo coração foi José Jonoilton Clementino, de 53 anos, que sofria com uma insuficiência cardíaca grave e estava na fila única de transplantes.

A nova chance para Jonoilton só foi possível graças ao sim da família do paciente doador, de 38 anos, que teve a Morte Encefálica (ME) confirmada no último sábado (13), em decorrência de hipertensão intracraniana. Além do coração, foram doados fígado, rins direito e córneas.

O cirurgião cardiovascular Maurílio Onofre ressaltou que o fato do doador e receptor estarem em salas vizinhas na mesma unidade de saúde, além de ser algo inédito, foi muito positivo para preservar a saúde do órgão doado, pois quando o assunto é transplante, poucas horas fazem diferença. Para o coração, o tempo de isquemia é de apenas 4 horas. Como nesse transplante o doador e receptor estavam bem próximos, decorreram apenas 5 minutos entre retirada, que foi concluída às 23h15, e o procedimento de implante do órgão, que começou às 23h20.

“Dois cirurgiões ficaram preparando o doador, e outros três estavam na sala vizinha já preparando o receptor. Ficamos nos comunicando, e, após inspecionar o coração do doador, foi sinalizado que estava tudo bem para prosseguir com a retirada do coração do receptor para ele receber o órgão doado”, pontuou o cirurgião cardiovascular, que também fez questão de ressaltar a importância da doação. “Eu gostaria, também, de agradecer à família do doador, que no momento de dor teve a grandeza de praticar esse gesto de solidariedade e, com isso, salvar várias vidas”, pontuou Maurílio Onofre, um dos cinco cirurgiões responsáveis pelos procedimentos.

Como Jonoilton estava em Coremas, no Sertão da Paraíba, a aproximadamente 5 horas de distância via terrestre do Hospital Metropolitano, o apoio da aeronave do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba foi essencial para reduzir o tempo de sua locomoção até o Metropolitano. A aeronave pegou o paciente em Patos e o levou até o aeroporto Presidente Castro Pinto, de onde ele foi transferido de ambulância para o Hospital Metropolitano. O paciente estava em casa assistindo televisão quando recebeu a notícia que foi dada pela filha Ana Cristina.

“Quando eu fiquei sabendo que ia receber o coração corri para o quarto, abracei minha netinha, foi só alegria, não conseguia nem falar com mais ninguém que ligava de tanta emoção. A minha esposa ligou e disse que o avião ia me pegar lá em Patos, eu agradeci a Deus que pelo menos é mais rápido. Só tenho a agradecer a essa família que doou o coração, e, ao mesmo tempo, sentir a perda deles. Até nisso as coisas de Deus são tão bem feitas, minha esposa mesmo é doadora de órgãos. Eu só tenho a agradecer a essa família e desejar que Deus ilumine eles com muita paz e muita saúde”, disse José Jonoilton.

De acordo com a médica cardiologista clínica e coordenadora do ambulatório para transplante do Metropolitano, Tauanny Frazão, que acompanhou o caso de José Jonoilton desde 2023, o paciente sofria com uma insuficiência cardíaca avançada e o transplante era necessário. “O coração dele estava muito crescido, por consequência de uma miocardiopatia isquêmica, ou seja, de um infarto prévio. Ele já havia colocado stent em uma das principais artérias, mas infelizmente ele evoluiu com uma sequela importante que foi esse coração crescido”, contou a cardiologista.

Ela pontuou ainda que essa insuficiência cardíaca gerou muitos sintomas no paciente, então ele não conseguia mais fazer as atividades habituais. “Jonoilton era agricultor e já não conseguia mais trabalhar, ele tinha cansaço aos pequenos esforços, e aí, graças a Deus, chegou o tão esperado transplante cardíaco para que ele possa ter uma vida nova. E tudo isso só foi possível porque essa família, mesmo em meio a tanta dor, teve um ato de generosidade de dizer sim. Então, nós como equipe só temos a agradecer a essa família pelo privilégio e a honra de receber esse coração”, discorreu.

A diretora do Hospital Metropolitano, Louise Nathalie, ressaltou que, além do complexo hospitalar ser um centro transplantador, também é centro de doação de órgãos, e isso aumenta as chances para um bom resultado do transplante. “Sabemos que quanto menor o tempo de isquemia, ou seja, quanto menor o tempo que o coração fica fora do peito do doador para o receptor, menor a chance de rejeição, de complicações, então melhor será o desfecho do transplante cardíaco. Foi um privilégio muito grande para nossa equipe que ficou bastante entusiasmada com essa novidade. E celebramos o sucesso do procedimento”, afirmou a gestora.

“O sucesso de cada transplante é fruto de uma doação de órgãos, e este é resultado de uma rede de profissionais, como médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros. A generosidade dessas famílias é verdadeiramente inspiradora e nos lembra da importância da solidariedade e compaixão em momentos de adversidade,” destacou a coordenadora de enfermagem da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do Metropolitano, Patrícia Monteiro.

Referência em alta complexidade cardiológica

O Hospital Metropolitano foi habilitado para a realização de transplante cardíaco em junho de 2020, desde então, oito paraibanos já tiveram suas vidas transformadas com a realização do procedimento na unidade.

Além do transplante em adultos, o Metropolitano tornou-se o 5º hospital público do país habilitado para fazer transplante de coração em crianças. Em 26 de março de 2022, a unidade hospitalar realizou o primeiro transplante cardíaco 100% SUS pela Paraíba. Já em 2023, foram realizados quatro transplantes cardíacos e, este ano, três. A Unidade é também o hospital coordenador do programa Coração Paraibano, responsável por reduzir em mais de  40% a mortalidade por infarto agudo do miocárdio na Paraíba.

Além do coração, o doador, que faleceu em decorrência de um tumor cerebral, cedeu fígado, rins e córneas.

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