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Opinião: a “quebra” do São João de Patos e a crise política que abate um município

As tratativas no que diz que diz respeito a uma união estável estão pautadas entre Santo Antônio e as formosuras que ainda não conseguiram, em definitivo, o laço do matrimônio no folclore nordestino. Não se sabe se noiva firmará, de fato, acordo entre as partes. E o que é mais inconstante: tudo isso acontece, a cada ano, em placas tectônicas ativas sob o solo movediço do município de Patos.

Falo de Patos, pois, no sentido figurado, é uma das cidades com mais representatividade no que diz respeito aos festejos juninos da Paraíba. E o que aconteceu este ano? Não houve “casamento”; e os comerciantes, rede hoteleira, taxistas e a chamada rede informal tragaram, por força de uma irresponsabilidade política, o amargo sabor de quem come pólvora sem feijão no prato.

Os prejuízos são enormes e, de acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Patos, Oton Ferreira da Silva, a cidade inteira estava nos preparativos para mais uma edição dos festejos de São João, que existem há mais de duas décadas, mas isso não aconteceu, afetando diretamente os setores formais e informais da economia patoense.

Apenas para se ter uma ideia do que pode ser chamada “catástrofe econômica do não São João”, no que diz respeito à atividade ligada aos taxistas, conforme números do sindicato da categoria, os prejuízos ultrapassam a cifra dos R$ 500 mil.

Outras problemáticas são observadas à distância. Os hotéis e pousadas tiveram que devolver os quantitativos relativos às reservas antecipadas. Poderia dizer que o caos econômico na cidade foi geral.

Prefeitura “quebrada”

Ainda é cedo para contabilizar os prejuízos. Sabe-se, apenas, que a prefeitura municipal estava e está, segundo balanços contábeis da gestão do prefeito interino, Sales Júnior, operando no vermelho. Diante desse estorvo, tomaram-se decisões para manter o salário dos servidores em dia, medicamentos abastecidos nas unidades básicas de saúde e compromissos com os fornecedores.

Crise política

Após afastamento do ex-prefeito da cidade de Patos, Dinaldo Medeiros Wanderley Filho, pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), o vice-prefeito Bonifácio Rocha assumiu o cargo de gestor do município. Isso ocorreu no mês de agosto do ano passado. Pesava, e ainda pesa, contra o ex-chefe do Executivo municipal supostas irregularidades praticadas em sua administração.

A denúncia se baseia na ação do Ministério Público da Paraíba (MPPB) que desencadeou a Operação Cidade Luz e gerou o afastamento do prefeito “Dinaldinho”, como é conhecido no município. A investigação apontou um esquema de propina, lavagem de dinheiro, fraudes em licitações e superfaturamento no contrato emergencial de iluminação pública firmado pela prefeitura de Patos.

Bonifácio Rocha, após o afastamento de Dinaldo Medeiros Wanderley Filho assumiu. Ele passou pouco tempo como prefeito interino, solicitando sua renúncia, por carta, em abril deste ano, alegado não estar disposto a “brigas insanas pelo poder”. Em seu lugar assumiu o então presidente da Câmara Municipal, Sales Júnior.

Falha da gestão atual ou readequação orçamentária?

O prefeito interino, Sales Júnior, e seu secretariado pecaram ao cancelar o São João de Patos, que estava recheado de atrações regionais e nacionais?

A pergunta não é de fácil resposta. Contudo, pela lei do “pão e circo atual”, excluindo, aqui, o princípio romano, observa-se que o pão dos servidores públicos e outras derivações da administração pública não podem faltar.

Contudo o circo, ao ser “fechado”, não gerou receita. E pior; deixou dívidas para aqueles que apostavam no show. Em suma, apontar culpados efetivos pela não realização de um festejo tradicional não é fácil. Mas é preciso entender que, desde o momento que uma administração é afastada por supostos desvios do dinheiro público, há um efeito dominó que prejudica quem vai ocupar o cargo, mesmo que de forma interina. Isso é fato.

 

Eliabe Castor
PB Agora

 

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