Depois de um incêndio de grandes proporções atingir o Engenho Triunfo, na cidade de Areia, na manhã deste domingo (10), uma das poucas coisas deixadas pelo fogo foi uma das fotos da proprietária, Maria Júlia Baracho.
O estabelecimento, localizado no Brejo da Paraíba, produz cachaça há 20 anos e combustível. Além disso, é um dos principais pontos turísticos da região, fazendo parte da rota turística da cidade.
Segundo o Corpo de Bombeiros, algumas equipes de militares estão no espaço desde o início das chamas, que começaram no fim da manhã.
Maria Júlia e seu marido, o agricultor Augusto Baracho, montaram o engenho com R$ 15 mil recebidos de uma herança. Ela tinha dois empregos diurnos e, à noite, junto com os quatro filhos do casal, ajudava a engarrafar a cachaça que mais tarde seria vendida.
Foram anos testando o produto e hoje a empresa fundada produz 250 mil garrafas de cachaça por mês, abastecendo os estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
A placa remanescente do incêndio possui um poema escrito pela empreendedora:
Canto
Eu canto a vida,
Mesmo que seja mal vivida!
Eu canto a esperança
No olhar mais terno de uma criança!
Eu canto a fé, o amor, a coragem
Canto até mesmo
Qualquer paisagem
Pois se não canto,
O meu grito é abafado, os meus olhos são calados,
Como o medo cala a verdade
E eu, passo a ser um covarde!
Chamas destruíram o engenho
Quando os bombeiros chegaram, perceberam que o fogo – que já foi controlado – estava concentrado em um galpão que armazenava cachaça. Diante disso, a prioridade foi preservar os outros compartimentos.
Ao todo, quatro viaturas de combate a incêndio e 20 bombeiros participaram da ação, que ainda contou com a ajuda de caminhões-pipa da região.
Ainda conforme os bombeiros, o incêndio atingiu uma área grande, onde ficam tanques cheios de álcool. Então, mesmo controlado, há risco de uma reignição por conta da alta temperatura no ambiente e do produto que foi derramado. Além disso, existem barris intactos que podem ser alcançados.
Pouco antes do começo das chamas, vídeos com vários visitantes (que costumam ir ao espaço diariamente) foram publicados no perfil oficial do engenho no Instagram. Ninguém ficou ferido.
Na segunda-feira (11), uma perícia deve ser feita para apontar o que provocou o incêndio, já que a causa dele ainda não foi identificada.
Em nota, o Engenho Trinfo informou que um dos quatro depósitos de cachaça foi atingido. O comunicado também garante que não houve feridos e que o fogo não atingiu a área de visitação. Por enquanto, o espaço permanece fechado e a entrada está bloqueada.
O Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa informou que a vítima do incêndio é um homem de 76 anos. O paciente passou por procedimento médico de emergência e após um período de observação recebeu alta hospitalar. Ele, no entanto, deve retornar ao Trauma nesta segunda-feira (11) para continuar o tratamento e fazer outro curativo.
Uma equipe da Polícia Civil informou que também vai ao local para fazer perícia. O procedimento deve identificar se o incêndio foi criminoso ou não.
Dona do engenho recebeu prêmio
Em setembro do ano passado, Júlia recebeu o troféu do prêmio Passaporte Aberto, realizado pela Organização Mundial de Jornalismo Turístico (OMPT), na categoria “Melhor proposta turística”.
Na categoria, ela concorreu, por meio do projeto Rota da Cachaça, promovido pelo Engenho, com projetos como: visitas monitoradas de estudantes e turistas em São Sebastião (SP); Rota das Emoções, do Sebrae; Mezcal Patatús, do México; San Luis en Bici, do México; e Sentir para ver, também do México.
CONHEÇA HISTÓRIA DO ENGENHO:
O prêmio é um reconhecimento da Organização aos jornalistas turísticos que trabalham de forma ética, e também às organizações que colaboram com o trabalho comprometido destes profissionais da comunicação em turismo. Este ano, foram 72 empreendimentos e profissionais nomeados de países como Cuba, Espanha, República Dominicana, Panamá, Chile, Colômbia, Peru, Honduras, Argentina, Brasil, México e Ucrânia.
Fonte: g1 PB