A F-1 está na reta final de sua primeira temporada sem transmissão da Globo depois de quatro décadas. Neste ano, a modalidade está alçando sua casa nova, a Band, à disputa pela vice-liderança da audiência aos domingos, no entanto, é vista por 50% menos telespectadores do que no antigo canal.
Segundo dados fornecidos pelo site Teleguiado, especialista em audiência, a Band obteve com os GPs uma média de 3,5 pontos em São Paulo, o principal mercado publicitário do país. Esse número embola a briga pela vice-liderança com o SBT, que teve durante as provas uma média de 4,5. A Record obteve 3,8 durante as etapas do campeonato.
Os números, no entanto, são bem menores do que os da Globo, com média de 9 pontos.
Em cinco etapas (Espanha, Azerbaijão, Áustria, Rússia e Turquia), a Band ficou em segundo lugar. Antes de adquirir o Mundial, o canal alcançava 1 ponto ao transmitir campeonatos internacionais de futebol aos domingos.
Ao longo de 2020, a Globo transmitiu 16 das 17 corridas previstas no calendário. De acordo com números fornecidos pela emissora carioca, a média de audiência foi de 9 pontos em São Paulo e 8 no PTN (Painel Nacional de Televisão), portanto cerca de 50% maior do que registra a Band atualmente.
A audiência da televisão brasileira é aferida pela Kantar Ibope Media. Cada ponto em São Paulo equivale a 76.577 domicílios e 205.377 indivíduos.
Na média do PTN, obtida a partir da soma de quinze regiões do Brasil, entre elas algumas metropolitanas, a Band registrou 3 pontos com a F-1. Nessa medição, cada ponto equivale a 268.278 domicílios e 716.077 indivíduos.
O diretor de esportes da Band e do BandSports, Denis Gavazzi, vê margem para aumentar a audiência com a F-1, mas entende que os números obtidos mostram um público segmentado, formado principalmente por pessoas que realmente acompanham as corridas.
“A F-1 agregou demais à nossa programação. É o nosso principal produto dentro da programação esportiva do Grupo Bandeirantes”, diz Gavazzi. “A categoria tem um público qualificado. É um público valioso, que adora automobilismo e procura a Band para acompanhar as corridas.”
De acordo com levantamento fornecido pela emissora, a maior parte do público que acompanha a F-1 é de homens (57%), com mais de 35 anos (83%), e 28,8% são das classes sociais A e B, 49,2% da C e 22% da D e da F.
“A gente vem crescendo, estamos fazendo um trabalho de divulgação cada vez maior. A nossa meta é trazer mais gente para acompanhar a F-1”, afirma o diretor de esportes do grupo.
Uma das apostas da Band para cativar os telespectadores é a exibição da cerimônia do pódio, algo que a emissora carioca havia deixado de fazer. Além disso, assegurou a transmissão de todas as 22 etapas ao vivo na TV aberta. Nos últimos anos, a Globo não exibiu algumas provas por conflitos em sua grade, sobretudo com o futebol.
Daí, inclusive, a ideia do canal paulista de usar o slogan “Isso a Band mostra” durante as transmissões.
O canal também investiu para trazer nomes experientes que trabalharam na antiga casa da F1, como o narrador Sérgio Maurício, o comentarista Reginaldo Leme e a repórter Mariana Becker.
O contrato da Band com a Liberty Media termina no final de 2022. Ainda segundo o diretor de esportes, está em curso a negociação com o grupo americano que controla a categoria para a prorrogação do vínculo.
Este ano, a emissora adquiriu os direitos para exibir o campeonato cerca de três semanas antes de sua abertura, no dia 12 de março.
Procurada, a Globo diz não ter interesse em voltar a transmitir a categoria, mas não descartou a possibilidade no futuro. “A F-1 é um grande evento, mas não faz parte dos nossos planos no momento, pois os direitos não estão à venda”, respondeu em nota.
É um movimento contrário ao que o grupo de mídia faz em relação à Libertadores, outro evento que não possui mais os direitos de TV, mas pelo qual mostrou-se publicamente interessada em concorrer no ano que vem.
O canal, que transmitia a F1 desde 1972 (e de forma ininterrupta desde 1981), não obteve um acordo para renovação do vínculo encerrado com a temporada de 2020.
A Globo buscava uma composição desde o fim de 2019 para o contrato que vigorou de 2015 a 2020. Em agosto do ano passado, avisou as suas anunciantes (Santander, Itaipava, Nivea, Renault e Tim) que não conseguiu chegar a um acerto para a renovação do vínculo. As cotas de publicidade chegavam a R$ 500 milhões anuais.
Atualmente, a Band possui quatro patrocinadores (Banco do Brasil, Claro, Philco e Heineken). De acordo com o portal UOL, o canal colocou à venda seis cotas, cada uma por R$ 20 milhões.
“Todos os patrocinadores que estão este ano já estão utilizando seu período de prioridade para confirmar que vão ficar com o produto F-1 para o ano que vem dada a entrega e a experiência que o produto entrega para as marcas”, afirma Cris Moreira, diretor-geral de Comercialização do Grupo Bandeirantes.
A temporada 2022 será a mais longa da história da categoria, com 23 provas. O calendário começa no dia 20 de março, no Bahrein. A última prova será em 20 de novembro, em Abu Dhabi. O GP São Paulo será no dia 13 de novembro.
Neste domingo (14), a Band exibe a etapa brasileira, às 14h, e também deverá transmitir o treino na sexta-feira (12) e a sprint race no sábado (13).
Folha Press