A ocorrência de morte súbita ou distúrbios cardíacos é uma realidade no esporte na vida em geral de muitas pessoas. No entanto, não é a prática de exercícios físicos que leva essas pessoas ao óbito, mas sim a ausência de exames preliminares, que poderiam diagnosticar e prevenir doenças genéticas graves. São elas que tendem a provocar as arritmias cardíacas e a causar a morte súbita – especialmente entre os mais jovens. Para falar sobre esse tema foram ouvidos os cardiologistas André Pacheco e Valério Vasconcelos que dão dicas de como podemos nos proteger.
Segundo André Pacheco, o exercício físico já está consagrado na medicina. “Ele promove benefícios enormes não só para a saúde do coração, mas para o corpo todo. Hoje, sabemos que o exercício físico auxilia na prevenção de doenças graves, como a demência e até alguns tipos de câncer. No geral, quanto maior o nível de atividade física, maiores os benefícios para a saúde. No entanto, você não precisa ser atleta. A prática de exercícios físicos, em qualquer nível, ajuda a prevenir infartos do coração e acidentes vasculares cerebrais (AVC). A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, preconiza que com 150 minutos de por semana, já é possível ter benefícios consideráveis”, disse o especialista.
Porém André salienta que é preciso fazer algum tipo de avaliação antes de praticar exercícios intensos. “Apesar de todos os benefícios, o exercício físico intenso pode ser bastante perigoso para as pessoas que apresentam determinados problemas cardíacos, como algumas arritmias cardíacas. É preciso lembrar que sempre que realizamos um exercício, o nosso corpo sofre um estresse. Esse estresse, em determinadas situações, pode descompensar algum problema silencioso, que o indivíduo – especialmente os mais jovens – podem não saber que têm. Muitos atletas já sofreram morte súbita dessa maneira, por não saberem que possuíam determinada doença. Por isso, antes de praticar ou começar a treinar alguma atividade competitiva ou que leve o seu corpo ao limite, é importante consultar o médico cardiologista. A avaliação cardiológica completa é indicada.
Quem também alerta sobre o perigo de começar uma atividade física sem fazer exames preventivos é o cardiologista Valério Vasconcelos, onde destaca que distúrbios cardíacos podem causar morte súbita em atletas jovens. “Essas mortes podem ser provocadas, por exemplo, pela Síndrome do QT (distúrbio do ritmo cardíaco que pode causar batimentos cardíacos acelerados e caóticos) ou pela Síndrome de Brugada. Esses distúrbios, segundo o médico, causam ritmos cardíacos anormais e também podem causar morte súbita em atletas jovens. A possibilidade de ocorrência de morte súbita durante ou após a prática de algum tipo de atividade física é real. Valério Vasconcelos explica que, geralmente, as causas de morte súbita durante exercício são bastante diferentes entre atletas jovens e atletas mais velhos. A maioria das mortes cardíacas súbitas ocorre em pessoas que não apresentam anomalias na estrutura cardíaca”, diz o especialista. Ele explica: “Quando existe uma anomalia da estrutura cardíaca, a mais comum é a espessura aumentada do músculo cardíaco (cardiomiopatia hipertrófica), que é detectado pelo ecocardiograma (ultrassom do coração)”, afirmou o cardiologista.
Fonte: PBAgora