A chegada das altas temperaturas em ondas de calor cada vez mais frequentes pode ter consequências para a saúde dos animais de estimação. Cães e gatos, cheios de pelos, também sofrem quando os termômetros aumentam. Já notou o seu pet babando mais do que o normal, com a língua para fora, meio ofegante, ou sem apetite durante o dia? Estes são alguns sinais de que o bichinho está sentindo os efeitos do calor.
O Rio de Janeiro registrou, na segunda-feira (13), às 8h da manhã, sensação térmica de 52,7 graus, em Guaratiba, bairro da zona oeste. A temperatura mais elevada da cidade foi de 36,4 graus.
Em São Paulo, nada de refresco também. O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura registrou a maior temperatura máxima do ano, 37,8 graus. E tem previsão de que esse recorde seja batido novamente.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) o número de estados em alerta máximo por conta do calor subiu para 15 estados, mais o Distrito Federal.
Para garantir o bem-estar dos animais e protegê-los durante esse período, é crucial adotar medidas preventivas e proporcionar um ambiente seguro e confortável para os pets.
De acordo com o mestre em ciências veterinárias Roberto dos Santos Teixeira, o excesso de calor pode causar hipertermia nos animais e até mesmo levar à morte.
“A temperatura dos cães vai de 37,5 graus a 39,5 graus, no normal. Se você superaquece, vai a 41, 42, 43, 44 graus, esse animal entra em intermação, que se assemelha para a gente com a insolação. E ele pode ter uma coisa coisa chamada CID, coagulação intravascular disseminada. Todas as plaquetas se agregam e esse animal começa a fazer trombo e entupir as artérias importantes. Ele pode sangrar por todos os orifícios: ouvido, nariz, mucosa oral… e vir a óbito rapidamente”, alerta o médico veterinário.
Para ajudar os animais a sentir menos essa onda de calor, o especialista explica que alguns cuidados são importantes. Com os gatos, é necessário controlar o ambiente para que sejam menos expostos as altas temperaturas. “Não deixar a casa fechada, se possível deixar o ventilador de teto ligado, a água deve ser fresca, trocada várias vezes por dia. Também vale usar fontes ou comedouros de barro, que mantém a água mais gelada”, lembra Teixeira.
O veterinário Fábio Augusto Marques reforça a importância do cuidado com a hidratação do pet: “Nessa onda de calor que estamos enfrentando, é imprescindível estimularmos a ingestão de agua de cães e gatos. De modo geral, para os cães e gatos é extremamente eficiente aumentarmos a distribuição de bebedouros pela casa, sempre ofertando água de qualidade, fresca e em quantidade, podendo até colocar pedras de gelo dentro do bebedouro para manter a temperatura mais baixa por um período maior”, explica.
Madruguinha, um beagle de 9 anos que vive em São Paulo, sempre procura um local mais fresco da casa para ficar. Os pisos frios, como a cerâmica da cozinha ou do banheiro, são os preferidos.
Já Sky, que também mora em São Paulo, trocou o calor do sol pela sombra da mesa de jantar. A filhote, de cinco meses, também não descuida da hidratação. O consumo de água aumentou muito nos últimos dias.
A fim de evitar riscos, os especialistas listam outros cuidados essenciais para que os animais domésticos permaneçam saudáveis durante os dias mais quentes. Leia abaixo.
Hidratação é fundamental
Assegure-se de que seu pet tenha acesso constante à água fresca. O calor pode aumentar a sua sede, e a desidratação é um risco real. Mantenha potes de água limpos e frescos em diferentes áreas da casa e durante passeios ao ar livre.
Alguns sinais de desidratação são: falta de elasticidade de pele (tugor cutâneo), gengivas secas, olhos saltados e secos, respiração bem ofegante e apatia e até a perda de apetite.
Sorvetes? Sim, por favor
Marques afirma que sorvetes de frutas são recomendados. “Ajudam na hidratação e no controle térmico e são ótimos como enriquecimento ambiental para os pets”.
Horários adequados para atividades físicas
Evite exercícios intensos nos horários mais quentes do dia. Opte por caminhadas e brincadeiras pela manhã ou no final da tarde, quando as temperaturas estão mais amenas. Calçadas e superfícies quentes podem queimar as patas sensíveis dos animais.
“No horário mais quente do dia, o animal pode, ainda, superaquecer, porque a demanda de calor não será suficiente para manter a temperatura da pele”, diz Teixeira. É que tanto o cão, quanto o gato não transpiram: toda troca de calor deles é feita pela respiração.
“Os melhores horários para passeios são pela manhã, até as 09h, ou após as 17h da tarde”, reforça o especialista.
Sombras e refúgios
Certifique-se de que seu pet tenha acesso a sombras em áreas externas. Caso ele fique ao ar livre, forneça um abrigo adequado, como uma casinha ou uma área coberta, para protegê-lo do sol intenso.
Proteção solar
Animais de pele clara ou com pelos curtos podem sofrer queimaduras solares. Consulte o veterinário sobre o uso de protetores solares específicos para pets, principalmente nas orelhas, focinho e barriga.
Atenção à respiração
Cães e gatos regulam sua temperatura principalmente por meio da respiração. Esteja atento a sinais de dificuldade respiratória, salivação excessiva e gengivas muito vermelhas. Caso observe algo incomum, consulte um veterinário imediatamente.
“A melhor maneira de conferir a temperatura corporal desses animais em casa é observando o seu comportamento. Cães e gatos com temperatura corporal alta devido ao calor, ficam ofegantes, pois a sua regulação de temperatura corporal é realizada pelo sistema respiratório, trocando o ar quente pelo ar frio do ambiente”, enfatiza o profissional.
Não deixe animais em carros
Jamais deixe seu pet dentro de um carro estacionado, mesmo por curtos períodos. As temperaturas internas podem subir rapidamente, colocando a vida do animal em risco.
Ventilação
Permita que os pets tenham acesso a superfícies frias, como pisos de azulejo, para se refrescarem. Mantenha uma boa circulação de ar em ambientes fechados.
Banhos constantes
Banhos regulares ajudam a manter a temperatura corporal do pet estável. Toalhas úmidas aplicadas no corpo, especialmente nas patas e na barriga, proporcionam alívio imediato do calor.
Tosagem adequada
Em animais de pelagem longa, considere uma tosagem mais curta para o verão. Isso ajuda a reduzir o acúmulo de calor.
Quais raças apresentam mais riscos?
Fábio conta que é preciso ter mais cuidado com os cães braquicefalicos (exemplos: Shih-tzu, Lhasa, Pug, Buldogue entre outras). “Devido ao focinho desses animais serem mais curtos, quando comparados a outras raças, há maior dificuldade no controle térmico”, diz.
Fonte:CNN Brasil